Central, internacional do Mali, veio para Portugal com a garantia de um lugar numa equipa dos escalões profissionais. Acabou três meses no Distrital de Braga Agora, com a ajuda dos amigos, tem uma oportunidade em Sintra
De jovem promessa no Mali às utópicas promessas de um empresário camaronês. Diakité já tem, aos 22 anos, muitas histórias para contar. Formado no Stade Malien, um dos maiores clubes do Mali — ainda o ano passado venceu a Taça das Confederações Africanas —, Diakité deu nas vistas em 2007, quando foi chamado para uma selecção jovem do seu país para participar num torneio em Angers, França. De aí ao interesse de um empresário camaronês em colocá-lo na Europa bastaram poucos meses.
«A minha família reuniu todo o dinheiro que tinha e deu-o ao empresário para que ele me pudesse trazer para Portugal. Disse-me que tinha três ou quatro clubes da II Liga interessados em mim. Passados poucos dias de ter chegado a Portugal, depois de algumas desculpas, deixou de me atender o telemóvel e desapareceu. Já me disseram que está na Roménia mas, sinceramente, prefiro nem me lembrar dele. Já tenho problemas suficientes na minha cabeça», revela, amargurado, Diakité.
O defesa-central, que também joga como médio defensivo e lateral-direito, chegou a Portugal em 2008 e, depois de mais de um ano sem jogar, conseguiu, através de um amigo, colocação no Celoricense, emblema da 1.ª Divisão da AF Braga.
«Estive lá três meses mas nunca me pagaram. Falavam-me em jogar por amor à camisola... A mim, que nem sabia dizer o nome do clube», recupera, revoltado com a rasteira que o destino lhe pregou.
Diakité regressou a Lisboa mas nunca encontrou as condições que lhe garantissem estabilidade:
— Todos os meses os meus pais enviam-me dinheiro, é a única maneira de continuar a perseguir este sonho. Ainda tive uma proposta para jogar no Alta de Lisboa mas as inscrições já tinham fechado.
Reencontro com o destino
De um momento para o outro perdido em território desconhecido, sem saber falar a língua, Diakité reencontrou-se , então, com o destino, com um colega de selecção: Djikiné, médio do Vitória de Setúbal que trilhou os passos que Diakité tinha traçado, mas com desfecho mais risonho.
«Tal como eu, ele veio para Portugal para jogar num clube do segundo escalão [Sp. Covilhã] e felizmente teve sorte de poder mostrar serviço. Conheci-o na selecção que foi a França mas depois perdi-lhe o contacto e nem sabia que tinha vindo para Portugal. Foi Deus que me ajudou», revela Diakité, que partilha agora um apartamento em Setúbal com o compatriota.
Se Djikiné ajuda na estada e alimentação, o senegalês Anta, jogador do Casa Pia, encontrou-lhe um clube para trabalhar.
«Foi ele que pediu aos responsáveis do 1.º Dezembro para eu fazer testes no clube. Assinei em Janeiro e espero agora por uma oportunidade para me afirmar», refere Diakité, que já se estreou na 3.ª Divisão, num jogo frente ao Peniche, actuando como médio defensivo:
— Não tive dificuldade. Gosto do futebol mais físico que se joga em Portugal e sei, até pelo que todos me dizem, que tenho qualidade para jogar ao mais alto nível.
Um sonho... encarnado
A carreira não correu conforme o previsto e o dia-a-dia de Diakité corre agora de maneira muito simples. «Preciso apenas de comer, dormir e treinar-me», afirma o maliano, que diariamente faz a viagem de comboio entre Setúbal e Sintra. «Pago tudo do meu bolso só para jogar. Agora só Deus me pode ajudar a ter uma oportunidade em Portugal», afirma o jogador que, em Sintra, encontrou apoio dos companheiros: «O treinador foi muito compreensivo e os colegas são simpáticos e têm dado toda a ajuda que preciso. Acredito que mais cedo ou mais tarde vou chegar ao sítio que mereço.»
Na altura de traçar metas, não tem dúvidas: «Tenho fome de bola e só preciso de jogar. Acredito que tenho qualidade suficiente para chegar ao topo, ao Benfica. É para isso que cá estou!».
por Mário Rui Ventura no Jornal A Bola
De jovem promessa no Mali às utópicas promessas de um empresário camaronês. Diakité já tem, aos 22 anos, muitas histórias para contar. Formado no Stade Malien, um dos maiores clubes do Mali — ainda o ano passado venceu a Taça das Confederações Africanas —, Diakité deu nas vistas em 2007, quando foi chamado para uma selecção jovem do seu país para participar num torneio em Angers, França. De aí ao interesse de um empresário camaronês em colocá-lo na Europa bastaram poucos meses.
«A minha família reuniu todo o dinheiro que tinha e deu-o ao empresário para que ele me pudesse trazer para Portugal. Disse-me que tinha três ou quatro clubes da II Liga interessados em mim. Passados poucos dias de ter chegado a Portugal, depois de algumas desculpas, deixou de me atender o telemóvel e desapareceu. Já me disseram que está na Roménia mas, sinceramente, prefiro nem me lembrar dele. Já tenho problemas suficientes na minha cabeça», revela, amargurado, Diakité.
O defesa-central, que também joga como médio defensivo e lateral-direito, chegou a Portugal em 2008 e, depois de mais de um ano sem jogar, conseguiu, através de um amigo, colocação no Celoricense, emblema da 1.ª Divisão da AF Braga.
«Estive lá três meses mas nunca me pagaram. Falavam-me em jogar por amor à camisola... A mim, que nem sabia dizer o nome do clube», recupera, revoltado com a rasteira que o destino lhe pregou.
Diakité regressou a Lisboa mas nunca encontrou as condições que lhe garantissem estabilidade:
— Todos os meses os meus pais enviam-me dinheiro, é a única maneira de continuar a perseguir este sonho. Ainda tive uma proposta para jogar no Alta de Lisboa mas as inscrições já tinham fechado.
Reencontro com o destino
De um momento para o outro perdido em território desconhecido, sem saber falar a língua, Diakité reencontrou-se , então, com o destino, com um colega de selecção: Djikiné, médio do Vitória de Setúbal que trilhou os passos que Diakité tinha traçado, mas com desfecho mais risonho.
«Tal como eu, ele veio para Portugal para jogar num clube do segundo escalão [Sp. Covilhã] e felizmente teve sorte de poder mostrar serviço. Conheci-o na selecção que foi a França mas depois perdi-lhe o contacto e nem sabia que tinha vindo para Portugal. Foi Deus que me ajudou», revela Diakité, que partilha agora um apartamento em Setúbal com o compatriota.
Se Djikiné ajuda na estada e alimentação, o senegalês Anta, jogador do Casa Pia, encontrou-lhe um clube para trabalhar.
«Foi ele que pediu aos responsáveis do 1.º Dezembro para eu fazer testes no clube. Assinei em Janeiro e espero agora por uma oportunidade para me afirmar», refere Diakité, que já se estreou na 3.ª Divisão, num jogo frente ao Peniche, actuando como médio defensivo:
— Não tive dificuldade. Gosto do futebol mais físico que se joga em Portugal e sei, até pelo que todos me dizem, que tenho qualidade para jogar ao mais alto nível.
Um sonho... encarnado
A carreira não correu conforme o previsto e o dia-a-dia de Diakité corre agora de maneira muito simples. «Preciso apenas de comer, dormir e treinar-me», afirma o maliano, que diariamente faz a viagem de comboio entre Setúbal e Sintra. «Pago tudo do meu bolso só para jogar. Agora só Deus me pode ajudar a ter uma oportunidade em Portugal», afirma o jogador que, em Sintra, encontrou apoio dos companheiros: «O treinador foi muito compreensivo e os colegas são simpáticos e têm dado toda a ajuda que preciso. Acredito que mais cedo ou mais tarde vou chegar ao sítio que mereço.»
Na altura de traçar metas, não tem dúvidas: «Tenho fome de bola e só preciso de jogar. Acredito que tenho qualidade suficiente para chegar ao topo, ao Benfica. É para isso que cá estou!».
por Mário Rui Ventura no Jornal A Bola
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