Carla Couto é, aos 36 anos, uma referência da Selecção Nacional Feminina.
Com 129 jogos disputados com a Camisola das Quinas e 25 golos marcados, a ponta-de-lança é a mais experiente atleta lusa e, igualmente, a jogadora que participou no maior número de edições do Algarve Cup. As estatísticas são bem reveladoras: 15 presenças (contando com a actual edição) num total de 18 edições já realizadas, tendo actuado em 53 partidas na prova e festejado o golo em 17 ocasiões.
Com os dois golos marcados ontem, a atacante conseguiu ultrapassar a norte-americana Abby Wambach que era a melhor marcadora da competição com 16 golos.
Em entrevista ao fpf.pt, Carla Couto confessa ter um sentimento especial em relação ao torneio e mostra a mesma ambição e espírito de conquista do primeiro dia em que se estreou como internacional portuguesa.
fpf.pt: O que representa para a Carla Couto o Algarve Cup?
CARLA COUTO: Tenho, de facto, um carinho muito especial pelo Algarve Cup, tantos são os anos de participação que já levo. A seguir aos apuramentos para o Campeonato da Europa e do Mundo e aos Jogos Olímpicos, é reconhecido internacionalmente como a competição mais importante do Futebol Feminino mundial. E penso que esta constatação reflecte bem a dimensão e a importância do torneio, pelo que é um privilégio que Portugal possa receber uma competição com esta qualidade, durante a qual os nossos adeptos têm a oportunidade de ver em acção as melhores jogadoras do Mundo. Além do mais, este é um momento competitivo muito importante, uma vez que a Selecção pode preparar-se da melhor forma para os próximos compromissos, nomeadamente os jogos de apuramento para o Europeu de 2013. Defrontar as melhores jogadoras contribui decisivamente para o nosso crescimento individual e, como equipa, e isso é, também, fundamental. Por tudo isto, é claro que é sempre uma motivação muito grande participar no Algarve Cup, tanto mais que durante uma semana as atenções do Futebol Feminino internacional viram-se para o nosso País e essa é, de algum modo, uma forma de promover o desenvolvimento e projecção do nosso Futebol Feminino.
fpf.pt: Que objectivos – pessoais e colectivos – tem para esta edição do Algarve Cup?
CARLA COUTO: Em primeiro lugar, e por serem as mais importantes, debruçar-me-ei sobre as metas da Selecção. Acredito que poderemos alcançar a melhor classificação de sempre, ou seja, o sétimo lugar. Mas para isso, temos de estar ao nosso melhor nível, muito concentradas e determinadas em vencer os jogos. Não será fácil, mas este grupo de atletas já provou que tem qualidade e talento para alcançar novos patamares competitivos. Em termos pessoais, apenas espero ser útil à equipa e contribuir para os seus sucessos. Não corro atrás de estatísticas nem de recordes, sinto apenas um enorme prazer e orgulho por fazer parte da Selecção Nacional e representar o País da melhor forma que consigo.
fpf.pt: Quais as melhores recordações que guarda do torneio, depois da participação em 14 edições, não contando com esta participação?
CARLA COUTO: Não é fácil eleger os melhores momentos, até porque cada edição tem a sua mística própria, histórias que nos ficam guardadas na memória, umas de cariz pessoal, pela convivência em grupo, e outras de matriz competitiva. Mas vou eleger dois momentos. O primeiro foi, em 2004, quando conseguimos, pela primeira vez, terminar a fase de grupos do Algarve Cup no primeiro lugar. Foi uma alegria enorme e um prémio para o esforço de todas as atletas que estiveram nesse torneio. Por outro lado, não me posso esquecer do grande golo que marquei à Finlândia [2009], naquele que foi – provavelmente – o tento mais bonito da minha carreira. Esse jogo, em que disputámos com as nórdicas o sétimo lugar do Algarve Cup, acabou por me trazer, mais tarde, um momento amargo, uma vez que falhei a transformação de uma grande penalidade e a Finlândia acabou por nos vencer no desempate por penaltis.
fpf.pt: Ao fim de todos estes anos, de muitos jogos disputados, o que representa para a Carla Couto representar a Selecção Nacional
CARLA COUTO: Para mim, é um orgulho muito grande vestir a Camisola das Quinas. Continuo com a mesma motivação com que, em 1993, me estreei na Selecção e isso é o mais importante. Acredito que, para qualquer jogadora, chegar a este patamar é o objectivo máximo da sua carreira e eu não fujo à regra. Sei que, provavelmente, não terei muitos mais anos como atleta de Selecção, mas há ainda alguns sonhos que tenho para cumprir. E um desses é, sem dúvida, poder levar o meu País à fase final de uma grande competição. Seria um final de ciclo fantástico e, por que não, poder cumprir esse sonho já no próximo Europeu?
Ao site da FPF |
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